Confirmando a diaconia na Igreja como verdadeira expressão da Sacramentalidade do serviço.
No último dia primeiro de novembro, do ano corrente, a Igreja particular de Mariana, sob o pastoreio de Dom Airton, celebrando todos os santos, realizou na Basílica do Sagrado Coração de Jesus, em Conselheiro Lafaiete, a celebração eucarística na qual foram ordenados 14 novos diáconos permanentes para servir a esta parte da Igreja situada na Primaz de Minas. Depois de um longo processo de preparação na Escola Diaconal São Lourenço, homens casados (exceto um deles que prestou o juramento celibatário para dedicar-se mais completamente ao serviço ministerial) assumiram o compromisso de expressar pela radicalidade do serviço o amor que tem a Deus e à causa do seu Reino.
Revigorada pelos ares conciliares, a Igreja redescobriu o valor ministerial da diaconia como expressão, por excelência, de uma Igreja toda ela ministerial. Constituída por homens e mulheres de todas as raças e línguas, batizados no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, a Igreja assumia o serviço como autêntica expressão de amor e instrumento privilegiado para a construção do Reino de Deus. Recuperava, assim, antiquíssima prática que encontrava em Jesus o seu fundamento. Ele próprio nos indicou explicitamente sua condição pelo ato mesmo de servir: “Eu vim para servir, não para ser servido!!” (Mateus 20, 28). A atitude serviçal, pois, não é uma atitude subjetiva de cada cristão, um mero ato da vontade, como se estivesse em questão servir ou não servir. Trata-se de um imperativo cristão; de um proceder em relação aos outros, sobretudo aos mais pobres e necessitados, os excluídos da sociedade, que constitui um dos bens espirituais mais sagrados que Cristo nos confiou: servir como expressão de amor!
Na icônica cena de lava pés (João 13, 1-17) Jesus, depois de tirar o manto, atou uma toalha à cintura (à modo de um avental pois depois deu-se a si mesmo como alimento as seus) lavou os pés de seus discípulos e depois de colocar o manto proclamou: “Vocês me chamam de Mestre e Senhor, e dizem bem, pois EU SOU! Portanto, se eu assim o fiz, façam vocês também o mesmo. Dei-vos um exemplo a fim de que, assim como eu faço, vocês também o façam”! Detalhe: o relato do Evangelho não diz que o Senhor retirou da cintura sua toalha, seu avental. Há nesta não referência uma evangélica intencionalidade: neste instante, em nome do EU SOU, Jesus “sacramentalizou” o serviço como o sinal permanente da doação de si à edificação do seu Reino de justiça, paz e amor. E assinou posteriormente este testamento, não com as letras da Lei, mas com seu sangue na cruz, na entrega total da vida doada como máxima expressão de quem ama e é fiel ao Pai, amando e sendo fiel aos pobres e marginalizados. Dessa forma, todo cristão que, não renunciando a cruz, perfaz o caminho do discipulado pelo serviço, é sinal visível da promessa feita por Cristo de estar conosco todos os dias até o final dos tempos. Pelo serviço, tornamo-nos alimento de esperança a quem tem fome do Reino de Deus.
Parabéns aos novos diáconos da Igreja Particular de Mariana e a todos os diáconos ordenados no Brasil afora pela Igreja Católica. São Lourenço os ensine sempre amar a Jesus com todo ardor e a entregar sua vida e ministério a serviço do Reino. Maria Santíssima, a mãe do serviço, apresente sempre a seu filho Jesus suas intenções e as intenções de vossas famílias, pois como bem sabemos, é a família, para o Diácono Permanente casado, o primeiro campo de sua missão.
Diácono Robson Adriano
Presidente da Comissão Arquidiocesana dos Diáconos.