Analogia entre a graça e direito canônico oriundos do Sagrado Coração de Jesus a partir da Encíclica Dilexit nos e da Teologia do Direito.

A teologia da graça nos inspira a percebê-la como movimento gratuito e incondicional de Deus até suas criaturas. Pensar em meritocracia em relação à graça, é abrir possibilidade de quaisquer tipos de contrato com Deus, e limitaria sobremaneira a ação salvadora e redentora de Jesus Cristo na Cruz.

Para tanto, basta trazer em questão a doutrina a respeito dos sacramentos, que por definição são sinais visíveis, da graça invisível. Os sinais são ícones que impulsionam aos que com ele convivem, a serem encaminhados para o verdadeiro efeito, Deus.

A administração dos sacramentos se dá através da Igreja, não por mérito, mas pela graça latente do “coração”.

Na Encíclica Dilexit nos, o Papa Francisco faz lembrar no parágrafo 13:

“É necessário que todas as ações sejam colocadas sob o “controle político” do coração, que a agressividade e os desejos obsessivos sejam acalmados no bem maior que o coração lhes oferece e na força que ele tem contra os males; que a inteligência e a vontade sejam também postas ao seu serviço, sentindo e saboreando as verdades em vez de as querer dominar, como algumas ciências tendem a fazer; que a vontade deseje o bem maior que o coração conhece, e que a imaginação e os sentimentos se deixem também moderar pelo bater do coração.” PAPA FRANCISCO – Dilexit nos – 2024, ou seja, é fundamental que voltemos nosso olhar ao coração chagado de Jesus Cristo, do qual jorrou sangue e água e fez nascer a Igreja, que deve ser ligada ao próprio Cristo como fonte da verdade, que permite a kenosis (esvaziamento) de cada um que estiver disposto a abrir mão dos próprios desejos e vontades e compreender a forma com que o Evangelho propõe as relações”.

Parece latente do texto o desejo do Sumo Pontífice, que se perceba o “coração” como a fonte do amor e do movimento criacional e salvífico de Deus, haja vista, o enfoque dado tanto filosófico quanto teológico e antropológico, dele(coração), como lugar que transcende a biologia e razão puramente vital. É a partir do Coração de Jesus que brota a graça, que é distribuída na economia da salvação, não porque merecemos, mas porque o próprio Deus se aproximou do rebanho e assim permitiu intimidade e relação como é claro, no parágrafo 17 da encíclica:

Ao mesmo tempo, o coração torna possível qualquer vínculo autêntico, porque uma relação que não é construída com o coração não pode ultrapassar a fragmentação do individualismo. Restariam apenas duas mónadas que se justapõem, mas não se ligam verdadeiramente. Uma sociedade cada vez mais dominada pelo narcisismo e pela autorreferencialidade é uma sociedade “anti-coração”. E, por fim, chega-se à “perda do desejo”, porque o outro desaparece do horizonte e nos fechamos no nosso egoísmo, sem capacidade para relações saudáveis. Como resultado, tornamo-nos incapazes de acolher Deus. Como diria Heidegger, para receber o divino é preciso construir uma casa de hóspedes”.

Alimenta e sustenta a confiança em Deus, perceber sua Igreja a partir das instruções do Sumo Pontífice, motivada a ressaltar a forma com que Deus se revelou e propôs as relações.

Para tanto, o Papa faz lembrar no parágrafo 23 que quaisquer pessoas que se dignarem voltar seu olhar a Deus e se relacionar com Ele, necessariamente chegará ao Amor, como decisão e não como mero sentimentalismo, a partir da Boa Nova de Jesus Cristo, Deus amou e optou por todas as criaturas e do seu coração verteu todo bem e toda esperança de alcançar o seu Reino.

É através da história de cada uma das criaturas que se dispuserem a refletir sobre si, a partir da ação de Deus, que a teofania acontece e tanto a Palavra, quanto o apostolado e o magistério se tornam vivos, no sentido de atualizar o movimento do próprio Deus em direção a cada um dos seus filhos.

Quando alguém reflete, procura ou medita sobre o próprio ser e a sua identidade, ou analisa questões mais elevadas; quando pensa no sentido da própria vida e até mesmo procura a Deus, e ainda quando sente o gosto de ter vislumbrado algo da verdade; todas estas reflexões exigem que se encontre o seu ponto culminante no amor. Amando, a pessoa sente que sabe porquê e para que vive. Assim, tudo converge para um estado de conexão e de harmonia. Por isso, diante do próprio mistério pessoal, talvez a pergunta mais decisiva que se possa fazer seja esta: tenho coração?

Em relação à Teologia do Direito, Javier Hervada trata em seu artigo, LAS RAICES SACRAMENTALES DEL DERECHO CANONICO , do Direito Canônico enquanto matéria nascida da própria economia da graça, se os sacramentos são sinais visíveis, distribuídos pela Igreja, apesar de não dependerem do mérito do ministro, o Corpo de Cristo é instrumento unitário das disciplinas relativas a graça, para descrever a Teologia do Direito a partir desta analogia, Hervada descreve:

“O Corpo de Cristo nos aparece como o instrumento unitário, com sete ações salvíficas, por meio das quais a graça capital de Cristo é comunicada por meio de seu Corpo aos homens. Os sete sacramentos são os sete bicos de uma única fonte, que é a Igreja como instrumento da graça capital de Cristo. O elemento visível da Igreja é sinal e instrumento de salvação. É um signo, porque sua função é tornar presente e manifestar o elemento interno; objetivamente, a Igreja visível é o Povo e a instituição por meio da qual Cristo continua presente e se manifesta aos homens. E é um instrumento porque Cristo age – de maneiras diferentes de acordo com os diferentes tipos de ações – através da Igreja, particularmente através dos sacramentos. Ora, dada a economia sacramental, a união a Cristo e a vida em Cristo passam pela Eucaristia. Ela é, portanto, o centro e o ápice da vida e do desenvolvimento da Igreja. E este, com tudo o que isso implica, é o fim próprio e específico da Igreja; todo o resto são pressuposições e derivações. Se observarmos que a lei é uma ordenação para o bem comum, pode-se dizer que a ordenação própria do direito canônico é a proclamação da Palavra e a administração dos sacramentos. É através deste prisma que tudo, desde o apostolado pessoal dos fiéis até a ação punitiva da Igreja, deve ser contemplado.”

A proposta deste artigo, é trazer à partilha, com a motivação do documento Dilexit nos e dos escritos de Hervada, a natureza das disciplinas teológicas como transbordo de misericórdia e amor do Sagrado Coração de Jesus. É analogia perfeitamente possível, perceber que apesar do caráter jurídico do Direito Canônico, seu objetivo último é a salvação de todas as almas (Cân. 1752 – CIC). Até uma pena oriunda de um delito cometido, no âmbito da justiça eclesiástica, deve ser tratada como possibilidade de arrependimento do delinquente.

É comum nos diversos ambientes teológicos e eclesiásticos, o Direito Canônico ser tratado como matéria de defesa dos clérigos, como forma de proteção da Igreja a si própria e, portanto, haver diminuição intuitiva e ideológica da natureza e gênese da matéria jurídica a partir de Jesus Cristo.

Se pode concluir, fazendo memória de São Tomás de Aquino, quando nas reflexões sobre o livre arbítrio, destina autonomia aos fiéis, (“Além do necessário, a lei da graça é a liberdade e a regulação desses campos de liberdade pertence à autonomia dos fiéis ou, conforme o caso, ao poder do prelado”) São Tomás de Aquino, no sentido de perceber que a justiça e o direito transbordam igualmente do coração de Jesus, e que para os afastados de dignidade, pobres de espírito, é que a ação salvífica de Cristo faz sentido.

Convertidos, todos os fiéis precisam assumir para si a urgência pela santidade e o código moral ao qual Jesus anunciou e submeteu sua Boa Nova, afinal de contas, o próprio Evangelho, é normativo; e nasce do lado aberto e do coração chagado de Nosso Senhor Jesus Cristo.

DIÁCONO Rodrigo Pereira da Costa

Diocese de Uberlãndia

O Diaconato e as Sagradas Escrituras

Neste mês de setembro, a Igreja celebra o “mês da Bíblia” em homenagem a São Jerônimo, um dos principais responsáveis pela tradução das Escrituras do hebraico e do grego para o latim, conhecida como Vulgata, no século V d.C. Este período convida todos os católicos a aprofundarem sua relação com a Palavra de Deus. A partir disso, neste texto, queremos refletir sobre a íntima relação entre o diaconato e a Palavra de Deus, uma vez que os diáconos são chamados, dentre outras coisas, a exercer a diaconia da Palavra desde o momento de sua ordenação, para o crescimento e a santificação do povo de Deus.
“Recebe o Evangelho de Cristo, do qual fostes constituído mensageiro; transforma em fé viva o que leres, ensina aquilo que credes e procura realizar o que ensinares” (Pontifical, 2002, n. 238). Com essas palavras, o bispo ordenante entrega aos neodiáconos o livro dos Evangelhos no dia da ordenação diaconal, simbolizando que, a partir daquele momento, o diácono se torna mensageiro do Evangelho, com a missão de pregar, ensinar e viver a Palavra de Cristo, tornando-se assim “arauto e servidor da Palavra” (Bendinelli, 2009, p. 190). Aqui observamos uma dinâmica significativa na vida e no exercício diaconal e a Palavra de Deus. A base dessa dinâmica é a leitura que os Diáconos devem fazer das Escrituras, pois ele é chamado a ler a Palavra, e essa leitura deve se converter em fé, caracterizada como “viva”. Isso porque o diácono é chamado a pregar um Cristo vivo, e sua fé também deve ser igualmente viva, manifestando-se nos diversos aspectos de sua vida. O que é crido através da leitura e da fé deve ser ensinado pelo diácono, que não deve reter a boa nova de Cristo, mas sim levá-la aos que mais necessitam, uma vez que foi ordenado também para essa tarefa. No entanto, o ensinamento transmitido deve, primeiramente, ser obedecido pelo próprio diácono, para que o ensino não se torne hipócrita, a fé viva não se torne morta e o ministério diaconal não se torne infrutífero. Há aqui um desejo, mas também um alerta, para que a dinâmica da Palavra seja sempre viva no coração do diácono para que seu ministério seja sempre fecundo para a Igreja.
Essa dinâmica demonstra que o ministério diaconal está intrinsecamente ligado à Palavra de Deus. Deste modo, é confiado ao diácono o múnus docendi, que se expressa no “serviço à mesa da Palavra através do anúncio, da catequese e da pregação” (Pinto, 2017, p. 89). Ou seja, os diáconos são chamados a levar a Palavra de Deus, tornando-se verdadeiros “Homens da Palavra” por ocasião da ordenação. De acordo com a constituição dogmática Lumen Gentium, n. 29, os diáconos são chamados a servir o povo de Deus na “diaconia da Liturgia, da Palavra e da Caridade”. Como veremos, a atuação dos diáconos na liturgia está marcada pela presença da Palavra de Deus, especialmente no que diz respeito ao seu anúncio. Outro aspecto importante na vivência diaconal é a caridade, que é essencial na vida do diácono, particularmente no que tange ao anúncio da Palavra. Esse anúncio deve ser feito com caridade, ou seja, com um amor ardente por Deus e pela pessoa que recebe o anúncio, visando que ela experimente a salvação. Esse é o maior ato de caridade que o diácono pode realizar: apresentar Cristo por meio da Palavra. Levando isso em consideração, em sua vivência litúrgica e na caridade, o diácono está sempre próximo da Palavra, expressando assim o seu múnus docendi. Assim, por meio da Palavra, os diáconos representam Cristo, que continua a falar à sua Igreja nos dias de hoje (Bendinelli, 2016, p. 161), visto que através do seu múnus docendi, os diáconos, “ao proclamar o Evangelho, é Cristo in persona que fala” (Pinto, 2017, p. 96).
A correlação entre o ministério diaconal e a pregação da Palavra de Deus pode ser percebida desde os tempos apostólicos. O diácono Filipe, inspirado por Deus, ensinou e explicou ao eunuco etíope — que desejava ardentemente alguém que o ajudasse a compreender as Escrituras — o texto presente no Livro do profeta Isaías, que prenunciava a missão salvadora de Cristo (cf. Atos 8,30). Também o diácono Estêvão, “cheio de graça e fortaleza” (Atos 6,8), anunciou o plano salvífico de Deus por meio de Jesus, desde o Antigo Testamento até o pleno cumprimento de sua ressurreição, demonstrando que Jesus, rejeitado e morto pelos judeus, era o Cristo de Deus (cf. Atos 7, 1-53). Isso causou grande ira nos que ouviram suas palavras, a ponto de Estêvão ser martirizado por seu testemunho de Cristo.
Deste modo, os diáconos Filipe e Estêvão foram levantados por Deus para serem mestres e esclarecedores da Palavra de Deus. Da mesma forma, os diáconos hoje são chamados pela Igreja, através de seu múnus, a serem “mestres, enquanto proclamam e esclarecem a Palavra de Deus” (Congregação para o Clero, Diretório do ministério e da vida dos diáconos permanentes Diaconatus originem (22 de fevereiro de 1998), n. 22: l.c., p. 889).
Diante da compreensão do diácono como clérigo intimamente marcado para o anúncio, ensino e vivência da Palavra, a Igreja, em sua sabedoria, demonstra tal realidade por meio de seus ritos. Nas liturgias solenes, especialmente as celebradas pelo bispo, é função do diácono levar, na procissão de entrada, o livro dos Evangelhos. É também norma da Igreja que, nas Missas com diáconos, estes sejam os responsáveis pela proclamação do Evangelho. Além disso, quando oportuno e conforme as normas da Igreja, o diácono é chamado a presidir a Celebração da Palavra, onde exerce publicamente sua função de mestre e esclarecedor das Escrituras Sagradas. Por meio da homilia, ocorre o “anúncio das maravilhas realizadas por Deus no mistério de Cristo, presente e operante sobretudo nas celebrações litúrgicas” (Conc. Ecum. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, 35; cf. 52; C.I.C., cân. 767, § 1). Nos sacramentos próprios de serem administrados pelos diáconos, Batismo e Matrimônio, também há a necessidade de leitura e pregação da Palavra como meio de edificação e santificação do povo de Deus. Assim, o Evangelho recebido pelos diáconos em sua ordenação os acompanha em todo o exercício de sua vida sacramental, sempre recordando o caráter evangélico da missão diaconal.
Enriquecidos por essa reflexão, que os diáconos possam sempre recordar a Palavra que lhes foi entregue no dia de sua ordenação, para que, não apenas no exercício litúrgico e sacramental, mas também em suas vivências cotidianas, em seus trabalhos, afazeres e no meio familiar, sejam verdadeiramente homens evangélicos, comprometidos com os valores da Palavra de Deus. Que, por meio da diaconia da Palavra, o anúncio do Evangelho chegue cada vez mais aos corações necessitados de ouvir a Palavra de Cristo. Assim, que os diáconos possam dizer, como o salmista: “Minha alegria é fazer vossa vontade; eu não posso esquecer vossa Palavra” (Salmo 118,16).

Diácono Jorge Luís (Tuite)- Arquidiocese de Juiz de Fora

Referências

BENDINELLI, Júlio Cesar. Servidor da mesa da Palavra de Deus: estudo teológico-pastoral sobre o ministério do diácono permanente. 2016. Tese (Doutorado em Teologia) – Departamento de Teologia, Programa de Pós-Graduação em Teologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016.
BENDINELLI, Júlio. O diácono permanente: servidor da mesa da palavra e mensageiro do evangelho de Cristo. Revista Teocomunicação, v. 39, n. 2, p. 172-192, 2009.
BÍBLIA. Bíblia de Jerusalém. Nova edição, revista e ampliada. São Paulo: Paulus, 2002.
CATECISMO da Igreja Católica (CEC). São Paulo: Loyola, 2000.
CONCÍLIO Ecumênico Vaticano II. Constituição dogmática Sacrosanctum Concilium, 35; cf. 52; C.I.C.
CONCÍLIO Ecumênico Vaticano II. Constituição dogmática Lumen Gentium (21 nov. 1964). In: Documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II. São Paulo: Paulus, 2001.
CONGREGAÇÃO PARA O CLERO. Diretório do ministério e da vida dos diáconos permanentes Diaconatus originem (22 de fevereiro de 1998), n. 22: l.c.
PINTO, Luciano Rocha. Mensa verbi Dei: o ministério diaconal da palavra de Deus. Revista Coletânea, v. 16, n. 31, p. 81-103, 2017.
PONTIFICAL Romano. Ritual de Ordenação de bispos, presbíteros e diáconos. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2002.

Encontro Virtual de Coordenadores das Escolas Diaconais Leste 2

Aconteceu no dia 05 de agosto uma reunião virtual com responsáveis das Escolas Diaconais do Regional CNBB Leste 2. O encontro contou com a participação de representantes de 9  (Arqui)Dioceses do Regional Leste 2.

O encontro iniciou-se com uma apresentação da atual realidade da formação para o Diaconato Permanente em nossa Região, onde cada presente pode falar como está a caminhada em sua (Arqui)Diocese, das dificuldades, anseios, esperanças e avanços.

Foi proposto a realização de um Encontro Presencial, com os diretores/formadores das Escolas em Belo Horizonte, nos dias 02, 03 e 04 de maio de 2025. Proposta que foi bem recebida por todos. Esse encontro será um momento propício para partilha de vida e experiências e no sentido de buscar uma unidade no processo formativo dos futuros diáconos.

Pe. Eduardo, responsável pela Escola Diaconal da Arquidiocese de Pouso Alegre, ressaltou a importância desses encontros virtuais, enriquecem e colaboram com o processo. Ele lançou a proposta de viabilizar a execução de 3 módulos de formação, virtual, para os dirigentes das Escolas Diaconais por ano, com os temas:  o primeiro referente ao vocacionado e propedêutico; o segundo sobre a formação teológica e o terceiro sobre a formação continuada. Todos acolheram com alegria a proposta, que será viabilizada com a equipe de formação juntamente com a assessoria de comunicação do CRD Leste 2.

Tivemos também a sugestão fomentar encontros, nas Escolas, entre futuros diáconos e seminaristas para estreitarem laços.

Na semana que celebramos a festa de São Lourenço, que ela interceda em favor dos diáconos e futuros diáconos, de nosso regional.

Diocese de Divinópolis Celebra Ordenação de Primeira Turma de Diáconos Permanentes

No último sábado, 03 de agosto de 2024, a Diocese de Divinópolis vivenciou um momento histórico e de grande alegria. O Bispo Diocesano, Dom Geovane Luís da Silva, presidiu a cerimônia de ordenação da primeira turma de diáconos permanentes da diocese. Após mais de sete anos desde o início da escola diaconal, oito novos diáconos foram ordenados, marcando um importante passo na caminhada da Igreja local.

A celebração, que ocorreu na Catedral do Divino Espírito Santo, reuniu familiares, amigos e membros da comunidade, que se emocionaram com a dedicação e o compromisso dos novos diáconos. Dom Geovane destacou em sua homilia a importância do serviço diaconal e o papel fundamental dos diáconos na evangelização e no apoio às comunidades.

Ainda este mês, a Diocese de Divinópolis tem programadas mais duas ordenações diaconais. A primeira acontecerá no dia 17 de agosto e a segunda no dia 31 de agosto, totalizando assim 23 diáconos permanentes ao final de agosto. Esses novos diáconos estarão à frente de trabalhos pastorais em presídios, hospitais e centros educacionais, contribuindo de maneira significativa para a missão da Igreja na região.

Que Santo Estevão interceda por todos os diáconos e suas famílias.

Diácono Alan Venâncio

O Diaconato Católico e a dinâmica do serviço

A missão do Diácono é levar o Cristo Servo aos que mais precisam, exercitando deste modo as palavras de Jesus: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir” (Marcos 10,45a).

Na Igreja Católica, o sacramento da ordem tem como função perpetuar a missão de Cristo confiada aos Apóstolos através dos ministros ordenados. Aqueles que recebem o sacramento da ordem “configuram-se a Cristo em virtude de uma graça especial do Espírito Santo, com o objetivo de serem instrumentos de Cristo ao serviço da sua Igreja. Pela ordenação, ficam habilitados a agir como representantes de Cristo, Cabeça da Igreja, na sua tríplice função de sacerdote, profeta e rei” (Catecismo da Igreja Católica, §1581). A ordem é constituída de três graus, cada um deles com um múnus, ou seja, um ofício singular e característico: Diaconato, Presbiterato e Episcopado. Os membros de cada um dos graus, cada qual a seu modo e de acordo com seu ministério, se assemelham a Cristo. 

O diaconato constitui-se como o primeiro grau do sacramento da ordem. O nome “diácono” deriva da palavra grega διάκονος (diakonos), cujo significado é “servo”, “servidor” ou “servente”. Isso revela que o ministério diaconal está intimamente ligado ao serviço. Os diáconos são ordenados para servir à Igreja e ao povo de Deus, configurando-se desta maneira ao Cristo Servo, que “não veio para ser servido, mas para servir” (cf. Marcos 10,45a). Logo, o múnus diaconal é o serviço: “Aos diáconos são-lhes impostas as mãos, não para o sacerdócio, mas para o ministério sagrado. Fortalecidos com a graça sacramental, servem o povo de Deus, em união com o Bispo e o seu presbitério, na diaconia da liturgia, da palavra e da caridade” (Lumen Gentium, n. 29- grifo nosso). 

A dinâmica do serviço diaconal também se expressa nas vestes litúrgicas próprias do diácono. A dalmática, vestimenta característica dos diáconos, é um símbolo de serviço e caridade. As mangas largas da dalmática lembram que o diácono deve estar sempre pronto para servir os outros, representando as mãos estendidas para ajudar. A estola diaconal também reflete essa dinâmica de serviço. A estola é um símbolo da autoridade do ministro ordenado e, no caso dos diáconos, expressa seu caráter servil. A estola diaconal é colocada sobre o ombro esquerdo e presa sob o braço direito, lembrando a função prática e de serviço do diácono.

No Antigo Testamento, os levitas, descendentes de Levi, filho do patriarca Jacó, prefiguravam o diaconato cristão. Eles foram escolhidos por Deus, por intermédio de Moisés, para auxiliarem o Sumo Sacerdote Aarão e os demais sacerdotes israelitas, seus descendentes, no exercício litúrgico e no cuidado com as coisas sagradas presentes no tabernáculo, bem como nos rituais sacrificiais.

O Senhor disse a Moisés: “Manda vir a tribo de Levi e apresenta-a ao sacerdote Aarão para servi-lo. Os levitas se encarregarão de tudo o que foi confiado aos seus cuidados e aos de toda a assembleia, diante da tenda de reunião: e farão assim o serviço do tabernáculo. Zelarão por todos os utensílios da tenda de reunião e do que foi confiado aos cuidados dos israelitas; e farão assim o serviço do tabernáculo (Números 3,5-8). 

Diferente dos demais israelitas, a Tribo de Levi não possuía terras em Canaã, pois o próprio Senhor era a sua herança (cf. Deuteronômio 18,1). O serviço constante a Deus permitia que os levitas tivessem um contato contínuo com o Deus de Israel, algo mais valioso e precioso que qualquer propriedade terrena. Assim, percebemos que o serviço a Deus não é um peso, mas uma dádiva, uma herança que Ele destinava aos levitas na antiga aliança e agora reserva aos diáconos, os homens do serviço.

No Novo Testamento, percebemos a continuidade desse ministério de serviço, não mais com os levitas, mas com os diáconos. Em Atos 6,1-7, vemos que com o crescimento dos cristãos, surgiu na Igreja nascente a necessidade de assistência às viúvas, a distribuição de alimentos aos pobres e outras necessidades da Igreja. Contudo, os apóstolos precisavam anunciar o evangelho e não conseguiam suprir essas novas demandas. Assim, os apóstolos chegaram à conclusão de que era necessário que sete homens repletos do Espírito Santo fossem escolhidos para tal função:

Não está certo que deixemos a pregação da palavra de Deus para servirmos as mesas. Irmãos, é melhor que escolham entre vocês sete homens de boa fama, repletos do Espírito Santo e de sabedoria e nós o encarregaremos desta tarefa. Desse modo, nós poderemos dedicar-nos inteiramente à oração e ao serviço da palavra (Atos 6, 2b-3). 

Assim, sete homens foram escolhidos e apresentados aos apóstolos, que lhes impuseram as mãos para o serviço diaconal. Dessa forma, começou o ministério diaconal na Igreja. Conforme atestado nas Escrituras Sagradas, este ministério era ativo e profundamente marcado pela manifestação do Espírito Santo. O apóstolo São Paulo saudou os diáconos juntamente com os bispos na carta aos Filipenses (cf. Filipenses 1,1), e o diácono Filipe foi usado profundamente pelo Espírito Santo para pregar em Samaria (cf. Atos 8,9-25) e para batizar o eunuco etíope (cf. Atos 8,26-40).

O diaconato cristão nasce intimamente conectado ao serviço à Igreja de Deus, e essa missão continua até os dias de hoje. Os diáconos são homens chamados ao exercício do serviço cristão, e o grande chamado de cada diácono é levar o Cristo Servo aos que mais precisam, não apenas em suas paróquias e comunidades, mas em todos os lugares onde haja necessidade como presídios, hospitais, cemitérios etc. O Cristo Servo deseja lavar os pés dos mais necessitados, limpando suas impurezas e dando-lhes dignidade e nova vida, e deseja fazer isso por meio dos diáconos. A herança dos diáconos é o serviço contínuo a Deus na liturgia, aos pobres e na pregação da palavra de Deus. 

O bom exercício desse ministério é acompanhado de uma grande promessa do Senhor: “Aqueles que exercem bem o diaconato conquistam para si mesmos posto de honra, bem como muita intrepidez fundada na fé em Cristo Jesus.” (1 Timóteo 3,13). O serviço a Cristo não nos promete bens terrenos, mas bens celestiais como honra e intrepidez em Cristo Jesus. Honra é um posto de respeito, dignidade e integridade. Assim como os homens escolhidos para serem ordenados pelos apóstolos deviam ter boa fama, ser repletos do Espírito e dotados de Sabedoria, também os diáconos devem ser homens honrados e dotados de respeito pelas coisas de Deus, inclusive para seu chamado diaconal, para que haja um melhor exercício da sua diaconia. Já a intrepidez é coragem ou bravura. O diácono que bem exerce seu ministério deve ser corajoso em levar a presença do Cristo Servo onde mais for preciso, até mesmo em lugares desafiadores onde ninguém, a não ser Deus, quer ir por meio de seu diácono: “Pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de poder” (2 Timóteo 1,7). Honra e intrepidez são as heranças prometidas aos que exercitarem dignamente o diaconato, por isso não devemos desanimar, porque Deus nos dá as ferramentas necessárias para cumprirmos nossa missão junto a Igreja e ao povo de Deus.

Peçamos a Nossa Senhora que auxilie todos os diáconos em seu ministério diaconal de serviço. Maria, que diante do anúncio feito pelo Anjo Gabriel que ela seria mãe do Salvador se declarou “serva do Senhor” (Lucas 1,38) e exerceu esse serviço por meio da visita e auxílio a sua prima Santa Isabel nos dias de sua gestação, sabe bem a importância do serviço a Cristo através dos irmãos e a forma como o serviço pode ser um meio pelo qual as pessoas recebem o toque do Espírito Santo. Que, a seu exemplo, nós diáconos possamos sempre renovar nossas promessas de ordenação, onde nos colocamos a serviço da Igreja e do povo de Deus, e recitar com fé, força e convicção: “Eis aqui o servo do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”, para que a dinâmica do serviço se concretize em nossas vidas todos os dias. 

Diácono Jorge Luís Lopes dos Santos (Tuite).

Arquidiocese de Juiz de Fora. 

Referências 

VATICANO II. Constituição dogmática “Lumen Gentium” (21 nov. 1964). In: Documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II. São Paulo: Paulus, 2001.

JOÃO PAULO II. Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Edições Loyola, Paulus, 1999.

BÍBLIA. Bíblia de Jerusalém. Nova edição, revista e ampliada. São Paulo: Paulus, 2002.

Arquidiocese de Belo Horizonte Institui 16 Candidatos ao Diaconato permanente nos Ministérios Leitorato e Acolitado

No último domingo, 30 de julho de 2023, a Família Diaconal da Arquidiocese de Belo Horizonte celebrou um dia de imensa alegria. Em uma cerimônia presidida por Dom Nivaldo dos Santos Ferreira, Bispo Auxiliar da Arquidiocese e referência para o diaconato permanente, 16 vocacionados ao diaconato permanente foram instituídos ao ministério de Leitorato e Acolitato.

No mesmo evento, 43 mulheres, esposas de Diáconos e de vocacionados, foram investidas para os ministérios extraordinário da Palavra, Sagrada Comunhão e Celebração das Exéquias. A solenidade aconteceu na Catedral Metropolitana Cristo Rei.

Essa marcante cerimônia reforça a importância do diaconato permanente e sua contribuição essencial para o enriquecimento da fé e dos serviços da Arquidiocese de Belo Horizonte.

Que Nossa Senhora da Piedade acompanhe e interceda com carinho pelo chamado e missão de cada um desses servidores dedicados da igreja. O compromisso e a dedicação dessas pessoas são fundamentais para fortalecer a fé e serviços para a comunidade.

CADIPE, Escola Diaconal São Lourenço, CADE.

Diaconato da Arquidiocese de Montes Claros Realiza Retiro

Foi realizado entre os dias 16 e 18 de setembro o retiro da CAD da Arquidiocese de Montes Claros, onde padre Raimundo Donato realizou a pregação.

JESUS: O ORANTE DO PAI QUE NO ENSINA A REZAR (Lc 11,2-4)

                                                    “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).

No atual contexto de pós-modernidade, de crise de todas as instituições, de fragmentações, de fundamentalismos, de violência crescente, de correria, de estresse, muita gente está buscando um oásis de paz em experiências de oração, em grupos de louvores etc. “A oração é tudo”, dizem uns. “O importante é ser solidário e lutar por justiça”, dizem outros. Diante desse quadro, faz bem refletir, pois certos tipos de oração reforçam processos de alienação e de fuga do mundo.

Orar, sim, humaniza, mas não qualquer tipo de oração. A questão essencial não é orar ou não orar, mas que tipo de oração praticar. No Retiro que aconteceu de  16 – 18 de setembro , na casa de Nazaré,  propomos aos Diáconos e esposas a rezar com a ajuda da Leitura orante da Bíblia. Os textos utilizados foram as 7 vezes que Jesus reza no Evangelho de Lucas (escolha dos Doze, Marta e Maria, Pai-Nosso e etc).

O Evangelho de Lucas revela um Jesus orante, que cultiva a intimidade com o Pai pela oração. Jesus se prepara, por meio da oração, para um encontro face a face, olho a olho, com o Pai, com os outros e consigo mesmo. Uma oração libertadora mergulha-nos no mais profundo da nossa subjetividade, lá onde as palavras se calam e a voz de Deus se faz ouvir como apelo e desafio.

O autor do evangelho de Lucas dá uma importância muito grande à comunicação com Deus, de modo efetivo e afetivo. A apresentação de Jesus orante é de suma importância para o discípulo, porque uma das atitudes fundamentais do seguimento de Jesus é precisamente a contínua comunicação com Deus, mistério de amor que nos envolve.

Jesus reza nos momentos mais importantes da sua vida. Por isso optamos por ajudar os Diáconos Permanentes e esposas da Arquidiocese de Montes Claros a meditar sobre os momentos em que Jesus entra na intimidade com o Pai e mergulha no mistério de Deus que é o Grande Silêncio da Criação.

Espero ter ajudado os Diáconos a experimentarem Deus em suas vidas e ministérios e poderem servir mais a Deus na nossa amada Arquidiocese de Montes Claros.

 Em Cristo.

Pe. Raimundo Donato

Arcebispo de Belo Horizonte nomeia Casal para Coordenação do Diaconato Permanente

No dia 1 de junho de 2022 foi nomeado oficialmente pelo arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB, o primeiro casal coordenador da Comissão Arquidiocesana de Diáconos e Esposas (CADE): Diác. Flávio Coelho Guimarães, e esposa, sra. Marisa Lara Guimarães.

Responsáveis pela Família Diaconal (diáconos, esposas, vocacionados) com a presente nomeação se tem oficialmente eleita a primeira mulher (esposa) como coordenadora da Comissão de Diáconos e Esposas.
O presente ato é inédito no Brasil e talvez em toda a Igreja Católica Universal.
Com a nomeação da primeira mulher (esposa) coordenadora da Comissão de Diáconos e Esposas se reconhece, seguindo os passos do Papa Francisco e da sinodalidade, a valorização da mulher em cargo de suma importância na Igreja e à frente de um ministério ordenado.
Na Arquidiocese de Belo Horizonte, as esposas participam do Conselho Particular do arcebispo, onde promovem a análise dos vocacionados ao diaconato permanente, o escrutínio dos que serão ordenados, com direito a voz e votos que são rigorosamente levados em consideração e importância.
Também são responsáveis e coordenam os encontros vocacionais, passando pelas esposas o primeiro contato e orientação aos vocacionados ao diaconato permanente.
São as esposas grandes protagonistas do chamado diaconal familiar, sendo elas linha de frente no trabalho de evangelização, celebração da Palavra, exéquias, partilha da Palavra nas casas, visita aos doentes, hospitais e aconselhamentos.
Não se pode mais falar em vocação diaconal sem reconhecer o papel protagonista da esposa, e que este chamado passa também por elas e por seu sim em primeiro lugar, sendo na verdade uma vocação familiar.

Arquidiocese de BH ganha 20 diáconos em novembro

No sábado (27/11/2021), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, ordenou mais seis diáconos para a Igreja. Ao todo, 20 diáconos, divididos em três turmas, começam a exercer o ministério em novembro.

Em fevereiro deste ano, outros sete diáconos já haviam recebido a ordem, dentro das celebrações do centenário da Arquidiocese de Belo Horizonte. Agora, 120 diáconos estão a serviço da evangelização nas mais diversas diaconias ambientais da forania na qual residem, bem como nas vilas, favelas, aglomerados, condomínios, edifícios, conjuntos habitacionais, cemitérios, escolas, hospitais, presídios, pastorais sociais em âmbito forâneo.

A formação dos futuros diáconos ocorre em pequenos grupos, denominados “diaconias”, compostos por diáconos, esposas e vocacionados. A organização se dá por foranias, sendo que nas foranias que abrangem mais de um município os grupos são subdivididos em municípios dentro da mesma forania. Atualmente, estão no caminho formativo 137 vocacionados, sendo 61 na etapa do propedêutico, 58 cursando Teologia e 18 na etapa tirocínio (estágio pastoral).

Continuemos a orar pelas vocações, para que a Igreja chegue a todos os lugares e pessoas que precisam.

São Lourenço, intercedei por nós!

Alan Venâncio ENAC – CND

Vocação Diaconal: o ser e o fazer

Neste mês vocacional refletiremos um pouco mais sobre o diaconato, que foi instituído na Igreja Cristã com o propósito de assistir as pessoas pobres da igreja. Foram escolhidos sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria (At 6,3). Dessa forma, os apóstolos que estavam sobrecarregados com este serviço puderam se dedicar exclusivamente à oração e ao ministério da Palavra (At 6,4).

Diakonia é a palavra grega que define a função dos diáconos. Esta palavra significa serviço e possui muita importância para a Igreja, sendo este serviço conferido no Sacramento da Ordem através da ordenação diaconal, imprimindo um caráter indelével, ou seja, para sempre.

Na igreja latina o diaconato permanente passou 1600 anos quase invisível, sendo restaurado no Concílio Vaticano II, pois até então era conferido apenas àqueles que seriam ordenados presbíteros (diácono transitório). Hoje sabemos que a igreja possui dois tipos de diaconato: o transitório (para os que aspiram o presbiterado) e o diácono permanente, ficando permanentemente diáconos e estes podem ser celibatários ou casados. É um ministério de instituição divino apostólico e deve sempre existir na igreja.

É importante destacar que mesmo no diaconato transitório o diácono não exerce o ministério “apenas para ser padre”. Diácono é primeiro para ser diácono, porque foi chamado ao diaconato. É o terceiro grau do sacramento da ordem, sendo esta composta por três graus: o 1º grau episcopado, 2º grau presbiterado e o 3º grau diaconato.

Pela imposição das mãos ele recebe os dons do Espirito Santo para ser servo. Ser servo foi a missão de jesus que não veio para ser servido mas sim para servir, dando a vida até a cruz. O diaconato é dado para que aquele homem tenha uma vida que lembre a todos que cristo é servo e que a missão do cristo é servir, sendo ordenados para o serviço do altar, da palavra e da caridade.

O testemunho diaconal deve estar sempre mais no ser do que no fazer. Ao ficar uma hora em meditação ou oração talvez passe pela cabeça que aquele momento é uma perca de tempo e que seria mais importante correr atrás das “coisas de Deus” e assim acabamos esquecendo o “Deus das coisas”.  As coisas passam e só Deus permanece. Que possamos colocar nosso ser como mais importante diante de tantos desafios que o fazernos coloca para que de fato sejamos pessoas íntegras, doadas inteiramente e por completo a Jesus, o Bom Pastor, o servo de todos os servos que está em nosso meio como aquele que veio para servir.

No serviço do altar é o que apresenta o pão e vinho ao presbítero para que este ofereça a Deus o Sacrifício, que apresenta a oferta do povo e que zela pelos objetos litúrgicos; no serviço da palavra ele auxilia o presbítero na catequese, proclama o evangelho nas celebrações, faz homilias e pregações; e no serviço da caridade o diácono é intimamente ligado ao serviço social da paróquia sempre ajudando os pobres e necessitados. Um diácono pode batizar, assistir matrimônios, levar a Eucaristia aos enfermos, dar bênçãos, celebrar a Liturgia da Palavra, pregar, evangelizar, aconselhar, Celebrar as Exéquias e catequizar. Porém, não pode, ao contrário do sacerdote, celebrar o sacramento da Eucaristia (Missa), ouvir confissão e nem administrar a unção dos enfermos.

Ficando viúvo não se torna padre, mas sim um “diácono-viúvo”. Em algumas dioceses o diácono viúvo realiza uma complementação de estudos e é ordenado presbítero, mas isto não é regra e dependerá das necessidades da diocese bem como da anuência do bispo local. O diácono permanente não é um “quase-padre”, “substituto do padre” ou “mini-padre”. O diaconato e presbiterado estão intimamente ligados, mas são vocações distintas. Muitas vezes as atribuições deste ministério são difíceis de serem compreendidas, pois o diácono está “entre” os sacerdotes e os leigos, porém o diácono não é leigo e nem um sacerdote.

Não é honra, mas serviço. Não é poder, mas é se tornar um servidor na obra de evangelização, anunciando ao Senhor através de suas ações sendo homens da Palavra e de Palavra. Já dizia São Francisco de Assis quando enviava os Frades em missão: “Ide Evangelizar e se for preciso, use as palavras”. São homens que estão à disposição principalmente dos mais necessitados, ocupando-se do cuidado aos pobres, excluídos e marginalizados. A prática diária da oração, meditação e Eucaristia é a força que move este ministério.

O diácono não pode esquecer a família. A família deve apoiar o diácono no ministério mas este nunca deve estar totalmente ligado ao ministério diaconal esquecendo sua família, uma vez que ele desempenha a dupla sacramentalidade e o primeiro serviço do diácono está em sua família (matrimônio), devendo haver então equilíbrio entre a família e o ministério diaconal.

A palavra “vocação” vem do latim que significa “chamado”. Toda vocação sempre é iniciativa de Deus. “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi” (Jo 15,16). Há lugar e oportunidade para todos e ninguém pense não ter uma vocação. Todos têm um Chamado pessoal de Deus a ser realizado na Igreja. E este é um tempo propício para cada um dar uma resposta concreta de amor a Deus.

São Lourenço, rogai por nós!

LEONARDO FLAUSINO, vocacionado ao diaconato permanente.

Esposa Taiane Dantas Silva.

Diocese de Ituiutaba-MG