O Diaconato Católico e a dinâmica do serviço

A missão do Diácono é levar o Cristo Servo aos que mais precisam, exercitando deste modo as palavras de Jesus: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir” (Marcos 10,45a).

Na Igreja Católica, o sacramento da ordem tem como função perpetuar a missão de Cristo confiada aos Apóstolos através dos ministros ordenados. Aqueles que recebem o sacramento da ordem “configuram-se a Cristo em virtude de uma graça especial do Espírito Santo, com o objetivo de serem instrumentos de Cristo ao serviço da sua Igreja. Pela ordenação, ficam habilitados a agir como representantes de Cristo, Cabeça da Igreja, na sua tríplice função de sacerdote, profeta e rei” (Catecismo da Igreja Católica, §1581). A ordem é constituída de três graus, cada um deles com um múnus, ou seja, um ofício singular e característico: Diaconato, Presbiterato e Episcopado. Os membros de cada um dos graus, cada qual a seu modo e de acordo com seu ministério, se assemelham a Cristo. 

O diaconato constitui-se como o primeiro grau do sacramento da ordem. O nome “diácono” deriva da palavra grega διάκονος (diakonos), cujo significado é “servo”, “servidor” ou “servente”. Isso revela que o ministério diaconal está intimamente ligado ao serviço. Os diáconos são ordenados para servir à Igreja e ao povo de Deus, configurando-se desta maneira ao Cristo Servo, que “não veio para ser servido, mas para servir” (cf. Marcos 10,45a). Logo, o múnus diaconal é o serviço: “Aos diáconos são-lhes impostas as mãos, não para o sacerdócio, mas para o ministério sagrado. Fortalecidos com a graça sacramental, servem o povo de Deus, em união com o Bispo e o seu presbitério, na diaconia da liturgia, da palavra e da caridade” (Lumen Gentium, n. 29- grifo nosso). 

A dinâmica do serviço diaconal também se expressa nas vestes litúrgicas próprias do diácono. A dalmática, vestimenta característica dos diáconos, é um símbolo de serviço e caridade. As mangas largas da dalmática lembram que o diácono deve estar sempre pronto para servir os outros, representando as mãos estendidas para ajudar. A estola diaconal também reflete essa dinâmica de serviço. A estola é um símbolo da autoridade do ministro ordenado e, no caso dos diáconos, expressa seu caráter servil. A estola diaconal é colocada sobre o ombro esquerdo e presa sob o braço direito, lembrando a função prática e de serviço do diácono.

No Antigo Testamento, os levitas, descendentes de Levi, filho do patriarca Jacó, prefiguravam o diaconato cristão. Eles foram escolhidos por Deus, por intermédio de Moisés, para auxiliarem o Sumo Sacerdote Aarão e os demais sacerdotes israelitas, seus descendentes, no exercício litúrgico e no cuidado com as coisas sagradas presentes no tabernáculo, bem como nos rituais sacrificiais.

O Senhor disse a Moisés: “Manda vir a tribo de Levi e apresenta-a ao sacerdote Aarão para servi-lo. Os levitas se encarregarão de tudo o que foi confiado aos seus cuidados e aos de toda a assembleia, diante da tenda de reunião: e farão assim o serviço do tabernáculo. Zelarão por todos os utensílios da tenda de reunião e do que foi confiado aos cuidados dos israelitas; e farão assim o serviço do tabernáculo (Números 3,5-8). 

Diferente dos demais israelitas, a Tribo de Levi não possuía terras em Canaã, pois o próprio Senhor era a sua herança (cf. Deuteronômio 18,1). O serviço constante a Deus permitia que os levitas tivessem um contato contínuo com o Deus de Israel, algo mais valioso e precioso que qualquer propriedade terrena. Assim, percebemos que o serviço a Deus não é um peso, mas uma dádiva, uma herança que Ele destinava aos levitas na antiga aliança e agora reserva aos diáconos, os homens do serviço.

No Novo Testamento, percebemos a continuidade desse ministério de serviço, não mais com os levitas, mas com os diáconos. Em Atos 6,1-7, vemos que com o crescimento dos cristãos, surgiu na Igreja nascente a necessidade de assistência às viúvas, a distribuição de alimentos aos pobres e outras necessidades da Igreja. Contudo, os apóstolos precisavam anunciar o evangelho e não conseguiam suprir essas novas demandas. Assim, os apóstolos chegaram à conclusão de que era necessário que sete homens repletos do Espírito Santo fossem escolhidos para tal função:

Não está certo que deixemos a pregação da palavra de Deus para servirmos as mesas. Irmãos, é melhor que escolham entre vocês sete homens de boa fama, repletos do Espírito Santo e de sabedoria e nós o encarregaremos desta tarefa. Desse modo, nós poderemos dedicar-nos inteiramente à oração e ao serviço da palavra (Atos 6, 2b-3). 

Assim, sete homens foram escolhidos e apresentados aos apóstolos, que lhes impuseram as mãos para o serviço diaconal. Dessa forma, começou o ministério diaconal na Igreja. Conforme atestado nas Escrituras Sagradas, este ministério era ativo e profundamente marcado pela manifestação do Espírito Santo. O apóstolo São Paulo saudou os diáconos juntamente com os bispos na carta aos Filipenses (cf. Filipenses 1,1), e o diácono Filipe foi usado profundamente pelo Espírito Santo para pregar em Samaria (cf. Atos 8,9-25) e para batizar o eunuco etíope (cf. Atos 8,26-40).

O diaconato cristão nasce intimamente conectado ao serviço à Igreja de Deus, e essa missão continua até os dias de hoje. Os diáconos são homens chamados ao exercício do serviço cristão, e o grande chamado de cada diácono é levar o Cristo Servo aos que mais precisam, não apenas em suas paróquias e comunidades, mas em todos os lugares onde haja necessidade como presídios, hospitais, cemitérios etc. O Cristo Servo deseja lavar os pés dos mais necessitados, limpando suas impurezas e dando-lhes dignidade e nova vida, e deseja fazer isso por meio dos diáconos. A herança dos diáconos é o serviço contínuo a Deus na liturgia, aos pobres e na pregação da palavra de Deus. 

O bom exercício desse ministério é acompanhado de uma grande promessa do Senhor: “Aqueles que exercem bem o diaconato conquistam para si mesmos posto de honra, bem como muita intrepidez fundada na fé em Cristo Jesus.” (1 Timóteo 3,13). O serviço a Cristo não nos promete bens terrenos, mas bens celestiais como honra e intrepidez em Cristo Jesus. Honra é um posto de respeito, dignidade e integridade. Assim como os homens escolhidos para serem ordenados pelos apóstolos deviam ter boa fama, ser repletos do Espírito e dotados de Sabedoria, também os diáconos devem ser homens honrados e dotados de respeito pelas coisas de Deus, inclusive para seu chamado diaconal, para que haja um melhor exercício da sua diaconia. Já a intrepidez é coragem ou bravura. O diácono que bem exerce seu ministério deve ser corajoso em levar a presença do Cristo Servo onde mais for preciso, até mesmo em lugares desafiadores onde ninguém, a não ser Deus, quer ir por meio de seu diácono: “Pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de poder” (2 Timóteo 1,7). Honra e intrepidez são as heranças prometidas aos que exercitarem dignamente o diaconato, por isso não devemos desanimar, porque Deus nos dá as ferramentas necessárias para cumprirmos nossa missão junto a Igreja e ao povo de Deus.

Peçamos a Nossa Senhora que auxilie todos os diáconos em seu ministério diaconal de serviço. Maria, que diante do anúncio feito pelo Anjo Gabriel que ela seria mãe do Salvador se declarou “serva do Senhor” (Lucas 1,38) e exerceu esse serviço por meio da visita e auxílio a sua prima Santa Isabel nos dias de sua gestação, sabe bem a importância do serviço a Cristo através dos irmãos e a forma como o serviço pode ser um meio pelo qual as pessoas recebem o toque do Espírito Santo. Que, a seu exemplo, nós diáconos possamos sempre renovar nossas promessas de ordenação, onde nos colocamos a serviço da Igreja e do povo de Deus, e recitar com fé, força e convicção: “Eis aqui o servo do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”, para que a dinâmica do serviço se concretize em nossas vidas todos os dias. 

Diácono Jorge Luís Lopes dos Santos (Tuite).

Arquidiocese de Juiz de Fora. 

Referências 

VATICANO II. Constituição dogmática “Lumen Gentium” (21 nov. 1964). In: Documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II. São Paulo: Paulus, 2001.

JOÃO PAULO II. Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Edições Loyola, Paulus, 1999.

BÍBLIA. Bíblia de Jerusalém. Nova edição, revista e ampliada. São Paulo: Paulus, 2002.

Diaconato da Arquidiocese de Montes Claros Realiza Retiro

Foi realizado entre os dias 16 e 18 de setembro o retiro da CAD da Arquidiocese de Montes Claros, onde padre Raimundo Donato realizou a pregação.

JESUS: O ORANTE DO PAI QUE NO ENSINA A REZAR (Lc 11,2-4)

                                                    “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).

No atual contexto de pós-modernidade, de crise de todas as instituições, de fragmentações, de fundamentalismos, de violência crescente, de correria, de estresse, muita gente está buscando um oásis de paz em experiências de oração, em grupos de louvores etc. “A oração é tudo”, dizem uns. “O importante é ser solidário e lutar por justiça”, dizem outros. Diante desse quadro, faz bem refletir, pois certos tipos de oração reforçam processos de alienação e de fuga do mundo.

Orar, sim, humaniza, mas não qualquer tipo de oração. A questão essencial não é orar ou não orar, mas que tipo de oração praticar. No Retiro que aconteceu de  16 – 18 de setembro , na casa de Nazaré,  propomos aos Diáconos e esposas a rezar com a ajuda da Leitura orante da Bíblia. Os textos utilizados foram as 7 vezes que Jesus reza no Evangelho de Lucas (escolha dos Doze, Marta e Maria, Pai-Nosso e etc).

O Evangelho de Lucas revela um Jesus orante, que cultiva a intimidade com o Pai pela oração. Jesus se prepara, por meio da oração, para um encontro face a face, olho a olho, com o Pai, com os outros e consigo mesmo. Uma oração libertadora mergulha-nos no mais profundo da nossa subjetividade, lá onde as palavras se calam e a voz de Deus se faz ouvir como apelo e desafio.

O autor do evangelho de Lucas dá uma importância muito grande à comunicação com Deus, de modo efetivo e afetivo. A apresentação de Jesus orante é de suma importância para o discípulo, porque uma das atitudes fundamentais do seguimento de Jesus é precisamente a contínua comunicação com Deus, mistério de amor que nos envolve.

Jesus reza nos momentos mais importantes da sua vida. Por isso optamos por ajudar os Diáconos Permanentes e esposas da Arquidiocese de Montes Claros a meditar sobre os momentos em que Jesus entra na intimidade com o Pai e mergulha no mistério de Deus que é o Grande Silêncio da Criação.

Espero ter ajudado os Diáconos a experimentarem Deus em suas vidas e ministérios e poderem servir mais a Deus na nossa amada Arquidiocese de Montes Claros.

 Em Cristo.

Pe. Raimundo Donato

Arcebispo de Belo Horizonte nomeia Casal para Coordenação do Diaconato Permanente

No dia 1 de junho de 2022 foi nomeado oficialmente pelo arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB, o primeiro casal coordenador da Comissão Arquidiocesana de Diáconos e Esposas (CADE): Diác. Flávio Coelho Guimarães, e esposa, sra. Marisa Lara Guimarães.

Responsáveis pela Família Diaconal (diáconos, esposas, vocacionados) com a presente nomeação se tem oficialmente eleita a primeira mulher (esposa) como coordenadora da Comissão de Diáconos e Esposas.
O presente ato é inédito no Brasil e talvez em toda a Igreja Católica Universal.
Com a nomeação da primeira mulher (esposa) coordenadora da Comissão de Diáconos e Esposas se reconhece, seguindo os passos do Papa Francisco e da sinodalidade, a valorização da mulher em cargo de suma importância na Igreja e à frente de um ministério ordenado.
Na Arquidiocese de Belo Horizonte, as esposas participam do Conselho Particular do arcebispo, onde promovem a análise dos vocacionados ao diaconato permanente, o escrutínio dos que serão ordenados, com direito a voz e votos que são rigorosamente levados em consideração e importância.
Também são responsáveis e coordenam os encontros vocacionais, passando pelas esposas o primeiro contato e orientação aos vocacionados ao diaconato permanente.
São as esposas grandes protagonistas do chamado diaconal familiar, sendo elas linha de frente no trabalho de evangelização, celebração da Palavra, exéquias, partilha da Palavra nas casas, visita aos doentes, hospitais e aconselhamentos.
Não se pode mais falar em vocação diaconal sem reconhecer o papel protagonista da esposa, e que este chamado passa também por elas e por seu sim em primeiro lugar, sendo na verdade uma vocação familiar.

Arquidiocese de Montes Claros Realiza Retiro Espiritural do Diáconos Permanentes

Nos dias 17, 18 e 19 de setembro de 2021, foi realizado o retiro anual dos Diáconos Permanentes, da Arquidiocese de Montes Claros. O retiro aconteceu na Casa de Nazaré.
Neste ano, padre Fernando Andrade, pároco da Catedral Metropolitana de Montes Claros, conduziu as reflexões, sob o tema: “A história de um servo do Senhor”.
O encontro contou com a participação de trinta diáconos permanentes e foi prestigiado com a presença de Dom João Justino Medeiros Silva, Arcebispo de Montes Claros que conduziu a oração da manhã no sábado.
Ao final, todos os participantes saíram renovados para escreverem uma nova história como servos do Senhor.

Vocação Diaconal: o ser e o fazer

Neste mês vocacional refletiremos um pouco mais sobre o diaconato, que foi instituído na Igreja Cristã com o propósito de assistir as pessoas pobres da igreja. Foram escolhidos sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria (At 6,3). Dessa forma, os apóstolos que estavam sobrecarregados com este serviço puderam se dedicar exclusivamente à oração e ao ministério da Palavra (At 6,4).

Diakonia é a palavra grega que define a função dos diáconos. Esta palavra significa serviço e possui muita importância para a Igreja, sendo este serviço conferido no Sacramento da Ordem através da ordenação diaconal, imprimindo um caráter indelével, ou seja, para sempre.

Na igreja latina o diaconato permanente passou 1600 anos quase invisível, sendo restaurado no Concílio Vaticano II, pois até então era conferido apenas àqueles que seriam ordenados presbíteros (diácono transitório). Hoje sabemos que a igreja possui dois tipos de diaconato: o transitório (para os que aspiram o presbiterado) e o diácono permanente, ficando permanentemente diáconos e estes podem ser celibatários ou casados. É um ministério de instituição divino apostólico e deve sempre existir na igreja.

É importante destacar que mesmo no diaconato transitório o diácono não exerce o ministério “apenas para ser padre”. Diácono é primeiro para ser diácono, porque foi chamado ao diaconato. É o terceiro grau do sacramento da ordem, sendo esta composta por três graus: o 1º grau episcopado, 2º grau presbiterado e o 3º grau diaconato.

Pela imposição das mãos ele recebe os dons do Espirito Santo para ser servo. Ser servo foi a missão de jesus que não veio para ser servido mas sim para servir, dando a vida até a cruz. O diaconato é dado para que aquele homem tenha uma vida que lembre a todos que cristo é servo e que a missão do cristo é servir, sendo ordenados para o serviço do altar, da palavra e da caridade.

O testemunho diaconal deve estar sempre mais no ser do que no fazer. Ao ficar uma hora em meditação ou oração talvez passe pela cabeça que aquele momento é uma perca de tempo e que seria mais importante correr atrás das “coisas de Deus” e assim acabamos esquecendo o “Deus das coisas”.  As coisas passam e só Deus permanece. Que possamos colocar nosso ser como mais importante diante de tantos desafios que o fazernos coloca para que de fato sejamos pessoas íntegras, doadas inteiramente e por completo a Jesus, o Bom Pastor, o servo de todos os servos que está em nosso meio como aquele que veio para servir.

No serviço do altar é o que apresenta o pão e vinho ao presbítero para que este ofereça a Deus o Sacrifício, que apresenta a oferta do povo e que zela pelos objetos litúrgicos; no serviço da palavra ele auxilia o presbítero na catequese, proclama o evangelho nas celebrações, faz homilias e pregações; e no serviço da caridade o diácono é intimamente ligado ao serviço social da paróquia sempre ajudando os pobres e necessitados. Um diácono pode batizar, assistir matrimônios, levar a Eucaristia aos enfermos, dar bênçãos, celebrar a Liturgia da Palavra, pregar, evangelizar, aconselhar, Celebrar as Exéquias e catequizar. Porém, não pode, ao contrário do sacerdote, celebrar o sacramento da Eucaristia (Missa), ouvir confissão e nem administrar a unção dos enfermos.

Ficando viúvo não se torna padre, mas sim um “diácono-viúvo”. Em algumas dioceses o diácono viúvo realiza uma complementação de estudos e é ordenado presbítero, mas isto não é regra e dependerá das necessidades da diocese bem como da anuência do bispo local. O diácono permanente não é um “quase-padre”, “substituto do padre” ou “mini-padre”. O diaconato e presbiterado estão intimamente ligados, mas são vocações distintas. Muitas vezes as atribuições deste ministério são difíceis de serem compreendidas, pois o diácono está “entre” os sacerdotes e os leigos, porém o diácono não é leigo e nem um sacerdote.

Não é honra, mas serviço. Não é poder, mas é se tornar um servidor na obra de evangelização, anunciando ao Senhor através de suas ações sendo homens da Palavra e de Palavra. Já dizia São Francisco de Assis quando enviava os Frades em missão: “Ide Evangelizar e se for preciso, use as palavras”. São homens que estão à disposição principalmente dos mais necessitados, ocupando-se do cuidado aos pobres, excluídos e marginalizados. A prática diária da oração, meditação e Eucaristia é a força que move este ministério.

O diácono não pode esquecer a família. A família deve apoiar o diácono no ministério mas este nunca deve estar totalmente ligado ao ministério diaconal esquecendo sua família, uma vez que ele desempenha a dupla sacramentalidade e o primeiro serviço do diácono está em sua família (matrimônio), devendo haver então equilíbrio entre a família e o ministério diaconal.

A palavra “vocação” vem do latim que significa “chamado”. Toda vocação sempre é iniciativa de Deus. “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi” (Jo 15,16). Há lugar e oportunidade para todos e ninguém pense não ter uma vocação. Todos têm um Chamado pessoal de Deus a ser realizado na Igreja. E este é um tempo propício para cada um dar uma resposta concreta de amor a Deus.

São Lourenço, rogai por nós!

LEONARDO FLAUSINO, vocacionado ao diaconato permanente.

Esposa Taiane Dantas Silva.

Diocese de Ituiutaba-MG

Dez Anos do Diaconato Uma década a serviço do povo de Deus na Arquidiocese de BH

Nossa querida arquidiocese de Belo Horizonte, completou em 2021 seu centenário, com muitos motivos para celebrar. Na riqueza dos motivos a serem celebrados, destacamos a presença do diaconato permanente em nossa arquidiocese há uma década.

1a Ordenação

Desde 2011, com a ordenação dos sete primeiros diáconos permanentes, a caminhada do diaconato permanente escreve sua história na evangelização nas comunidades e paróquias que compõem nossa arquidiocese. Dentre os ministérios ordenados que existem, desde as primeiras comunidades cristãs, o diácono sempre cumpriu um importante papel na vida eclesial. Encarnando a dimensão do serviço e a figura do Cristo Servo, o diácono vive sua vocação a partir dessa dimensão própria de seu ministério. Apesar de, por vários fatores, no ocidente a figura estável do diácono ter desaparecido por quase mil anos, o Concilio Vaticano II resgatou e restabeleceu o diaconato permanente, inclusive para homens casados, como grau próprio, dentre os ministérios ordenados, além do Presbítero e do Bispo. A luz das necessidades pastorais da Igreja particular de Belo Horizonte, o diaconato foi trilhando um percurso bonito, constituindo um corpo diaconal vivo e atuante, atento aos desafios colocados para a fé cristã neste milênio. Sua estruturação foi tomando novos caminhos abertos ao que o magistério da Igreja acenava como caminhos nos quais o cristão devia seguir. Inicialmente organizado a partir de suas instancias arquidiocesanas, foi aos poucos descobrindo novas formas de se aproximar da realidade eclesial presente em nossa arquidiocese. Atualmente, existem quatro estruturas que organizam a vida, a formação e o trabalho pastoral dos diáconos na Arquidiocese de BH. Temos a CADE, que é a Comissão Arquidiocesana de Diáconos e Esposas, que congrega e representa os diáconos ordenados e esposas; o CADIPE, que é Conselho Arquidiocesano para o Diaconato Permanente que articula a dimensão formativa dos vocacionados, futuros diáconos; a Escola Diaconal São Lourenço que cuida da formação teológica; e as Diaconias Forâneas, que são as comunidades de vivencia diaconal, que também assumem parte da formação diaconal e todo trabalho de evangelização.

Diaconia – Catedral Cristo Rei

As diaconias já são um fruto maduro dessa caminhada, considerando as diretrizes da ação evangelizadora da Igreja do Brasil, indicando o caminho das pequenas comunidades missionárias, como um modelo de vivencia eclesial que promove a proximidade dos diáconos com suas realidades e espaço de aprendizado, convivência, oração e de troca de experiências. Hoje são quase quarenta diaconias presentes no território da Arquidiocese, mostrando sua capilaridade e vitalidade, mesmo em tempos desafiadores, como na pandemia. Também louvável e em sintonia, com as diretrizes da Igreja, se deu uma bonita participação e protagonismo das esposas dos diáconos e dos vocacionados à frente dos vários trabalhos e missões do diaconato permanente na Arquidiocese. Como nos ensina o Papa Francisco na Exortação Apostólica Pós Sinodal “Querida Amazonia” (nº 99-100), que ressalta a necessidade de envolver e encontrar caminhos para que possamos na Igreja ter uma participação das mulheres, que enriquece e completa a vivência do evangelho em nossas comunidades. Em nossa Arquidiocese essa participação já acontece, tendo no diaconato permanente, espaço para atuação e presença das esposas nas suas instancias de decisão.

Já são mais de uma centena de diáconos, presentes em vários âmbitos das pastorais, desde a presença em organismos em nível arquidiocesano, regionais e forâneos, nos condomínios, edifícios, conjuntos, e até a presença nas periferias, em especial nas vilas, favelas e aglomerados. Completamos uma década desta caminhada diaconal, com a maturidade de ter um rosto diaconal sendo claramente delineado nas ações de várias pastorais, como na pastoral da esperança, pastoral hospitalar, pastoral do menor, pastoral familiar, pastoral de rua e outras tantas presenças em todas as pastorais sociais. Também exercem uma belíssima evangelização na diversidade das realidades que estão abarcadas em nossa Arquidiocese. Na zona rural a presença mais que necessária da Igreja se dá muitas das vezes pelo trabalho conjunto de tantos agentes de pastoral leigos e diáconos que juntos realizam um bonito trabalho nas comunidades, como no Vale do Paraopeba, na região de Brumadinho, lugares onde o serviço aos que sofrem são tão importantes e necessários.

Temos construído na caminhada do diaconato permanente, uma pastoral da comunicação, genuinamente diaconal com produção de conteúdo, que trata da família diaconal e sua ação pastoral, seja da atuação dos diáconos e suas esposas, e também dos vocacionados e esposas que juntos realizam a comunicação, por meio de mais de 30 canais de mídias sociais (do Facebook ao Youtube). Já dispomos de website, de uma rádio na Web “Logos” e temos um quadro chamado “diaconia” apresentado quinzenalmente na TV Horizonte, retratando as diaconias exercidas nos vários âmbitos de atuação. Inovamos a formação diaconal com uma atenção especial ao acompanhamento pastoral, introduzindo o estágio pastoral em todas as etapas formativas, incorporando ferramentas tecnológicas como uma plataforma de gestão do acompanhamento pastoral.

A própria nomenclatura e forma como víamos o diaconato foi evoluindo e se ampliando, de diacônio formado apenas por diáconos, ministros ordenados, passamos a reconhecer e sermos conhecidos como corpo diaconal formado por diáconos, esposas e vocacionados. Posteriormente passamos a reconhecer a Família Diaconal formada por diáconos, esposas, vocacionados, nossos filhos e pais. Hoje falamos de diaconias que envolvem além de toda a família diaconal, todos os agentes de pastoral e evangelizadores que em conjunto com os diáconos e esposas formam uma grande força e frente de evangelização.

Tudo isso, visando dar a missão diaconal uma identidade própria e também reforçando a dimensão da sinodalidade, uma urgência na vida eclesial, como nos exorta o Papa Francisco. Por estes motivos, louvamos a Deus a graça do diaconato na Arquidiocese de BH, lembrando de todos os que contribuíram nesta caminhada: bispos, padres, diáconos, esposas, leigos e leigas, e todo o povo de Deus. Nestes dez anos de caminhada, estamos trilhando um caminho que nos leva a refletir o dom do serviço na Igreja, com humildade e disponibilidade, junto aos pobres, nos vários ambientes e servindo a todos.

Agosto de 2021 – mês vocacional

Centenário da Arquidiocese de Belo Horizonte – Dez anos do Diaconato Permanente

Prof. Diác. Normando Martins Leite Filho, esposo de Maria Aparecida de Lima Martins Leite

Diácono Permanente da Arquidiocese de Belo Horizonte

Professor Universitário, Filósofo e Teólogo

Mestre em Educação Tecnológica

2021: ARQUIDIOCESE DE BH CELEBRA CENTENÁRIO E DEZ ANOS DE DIACONATO PERMANENTE

No mesmo dia em que a Arquidiocese de Belo Horizonte comemora um século de fundação, o diaconato permanente chega a cem ministros ordenados a serviço do povo de Deus. No dia 11 de fevereiro, às 19h30min, o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, ordena sete diáconos permanentes. A celebração será na Catedral Cristo Rei.

   Os novos diáconos serão Fábio de Brito Gonçalves, Gius Carlos Soares Rocha, Márcio Assunção de Paula, Marcos Daniel Machado, Normando Martins Leite Filho, Paulo de Tarso da Silva Reis e Rubens Pereira de Lima. A celebração também recordará os dez anos da instituição do diaconato permanente na Arquidiocese mineira.

Na manhã do sábado, 1º de outubro de 2011, Dom Walmor ordenava os sete primeiros diáconos permanentes da Arquidiocese de BH: Carlos Roberto Cremonezi, Cid Sérgio Ferreira, Dimas Ferreira Lopes, Gilberto de Sousa, Giovani Pontel Gonçalves, Márcio Lopes Melo e Paulo Franco Taitson. A celebração histórica foi realizada na Paróquia Nossa Senhora das Dores, no bairro Floresta.

O diaconato foi instituído pelos apóstolos. Foram escolhidos homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria (cf. Atos 6). Eles tinham a missão de cuidar das viúvas, dos órfãos e dos pobres. No Ocidente, o ministério diaconal perdurou por mais quatro séculos. Aos poucos, foi se tornando apenas ministério de transição para o presbiterado.

Com o reestabelecimento do diaconato permanente pelo Concílio Vaticano II (1962-1965), a Igreja Católica definiu o ministério com grau próprio e permanente da hierarquia. Também estabeleceu regras teológicas e pastorais para que o diaconato se desenvolvesse de modo pleno. Em 1967, o Papa São Paulo VI promulgou as primeiras normas fundamentais para a formação dos diáconos permanentes, com a Carta Apostólica Sacrum Diaconatus Ordinem.

A Igreja particular de Belo Horizonte, movida pelo Espírito Santo e em comunhão com o magistério, instaurou o ministério diaconal, tomando como base os documentos da Igreja. Segundo o Documento 96 da CNBB, o diácono permanente, no ministério como Cristo servidor, vive a tríplice missão da caridade, da Palavra e da liturgia. Também na trajetória desses dez anos do corpo diaconal, em um processo evolutivo e fundamental, a participação das esposas dos diáconos.  Atualmente elas têm uma função importante na coordenação, organização e formação aos encontros vocacionais para o diaconato permanente na Arquidiocese.

Eles atuam no âmbito da caridade, cuidado dos pobres, daqueles que precisam mais, no âmbito da liturgia, celebração do batismo, assistência ao matrimônio, ajudando no altar, na celebração da Eucaristia, e no anúncio da Palavra, fazendo esse anúncio da Palavra sobretudo nas frentes missionárias, nos lugares onde nós precisamos estar presentes, para que todos tenham oportunidade de acolher o chamado para o seguimento de Cristo”, disse D. Walmor no dia da ordenação dos sete primeiros diáconos permanentes.

Por Alberto Carvalho – Pascom Diaconal Arquidiocese de Belo Horizonte

Diácono permanente é eleito presidente do Conic-MG

O diácono permanente Amauri Dias de Moura, da Arquidiocese de Belo Horizonte-MG, foi eleito presidente do Regional Minas Gerais do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (Conic-MG). A Assembleia-Geral Ordinária e Eletiva do Conic-MG ocorreu na tarde de sábado, 7 de novembro. Devido às restrições da pandemia, a reunião foi realizada por videoconferência.

No encontro, foram avaliados também os relatórios de atividades e o parecer do Conselho Fiscal referente à gestão 2018 a 2020. A nova diretoria exercerá o mandato até 2022.

“Servir a todos e todas com a força das nossas Igrejas, com o específico de nossas Igrejas, o específico de nossos grupos, somados, irmanados, acolhendo essa diversidade como dom e compromisso”, declarou o Diác. Amauri.

Nascido em 6 de outubro de 1976, em Belo Horizonte, o Diác. Amauri foi ordenado em 18 de novembro de 2017.

 

Conheça a nova diretoria do Conic-MG:

Presidente: Diác. Amauri Dias de Moura (Igreja Católica Apostólica Romana)

Vice-presidente: Rev. Bernardino Ovelar Arzamendia (Igreja Episcopal Anglicana do Brasil)

1º secretário: Janett Alves Teixeira (Igreja Católica Apostólica Romana)

2º secretário: Pr.ª Mara Parlow (Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil)

1º tesoureiro: Alex Sandro de Oliveira Sodré (Igreja Episcopal Anglicana do Brasil)

2º tesoureiro: Rev. Pr. Jorge Eduardo Diniz (Igreja Presbiteriana Unida)

Conselho Fiscal:

Titulares:

Rev. Robert Delano de Souza (Igreja Episcopal Anglicana do Brasil)

Pr.ª Aneli Schwarz (Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil)

Rev. Antônio Marcos de Souza (Igreja Presbiteriana Unida)

Suplentes:

Edward Neves Monteiro de Barros Guimarães (Igreja Católica Apostólica Romana)

Rev. Daflas Alexandre da Cruz (Igreja Presbiteriana Unida)

Maria de Fátima Cerqueira (Igreja Católica Apostólica Romana)

Arquidiocese de Montes Claros realiza retiro de Formação para Diáconos Permanentes

Com o tema “O Diácono como Servidor nas e das Comunidades Eclesiais Missionárias” aconteceu no dia 10 de outubro de 2020, na Comunidade Esdras, um dia de formação e espiritualidade para os diáconos permanentes da Arquidiocese de Montes Claros. Participaram deste encontro dezoito diáconos permanentes, outros 16 já haviam feito o retiro no dia 26 de setembro conduzido pelo padre Gledson Eduardo de Miranda Assis.

            O retiro, que seguiu todos os protocolos de prevenção ao Covid-19, foi conduzido por Dom João Justino de Medeiros Silva, Arcebispo Metropolitano de Montes Claros, que trabalhou na perspectiva da oração, meditação e celebração, no horizonte daquilo que é recomendado pelo papa Francisco e à luz das orientações da Assembleia Arquidiocesana de Pastoral.

            Nesse dia, aprofundou-se a temática do anúncio da palavra, ou seja, o diácono como servidor da Palavra e também  o diaconato como Serviço aos Pobres e o Diácono como Guardião do Serviço.

A formação teve seu referencial nos textos do magistério do Papa Francisco sobre o diaconato; o que oportunizou ao arcebispo metropolitano, junto aos diáconos,  vivenciar a partilha e escuta, levando os temas abordados à vivência da igreja particular de Montes Claros.

Para o diácono João Batista, participante da formação, o retiro foi muito  proveitoso: “Como foi bom esse Retiro com a orientação do nosso Pastor, ouvindo sua voz (ESCUTA), ajuntando com ele, observando os caminhos apontados, examinando e comungando com ele as preocupações com o Redil e com as outras ovelhas desgarradas, esquecidas, desprotegidas, desfiguradas, feridas, machucadas, com sede e com fome!”

Dom João Justino ressaltou a importância deste encontro “testemunho que foi um dia muito fecundo, sobretudo porque os diáconos levaram muito a sério as propostas… A partilha possibilita tocar de forma muito experiencial a vida e a história de cada um dos diáconos permanentes” e se mostrou satisfeito com o formato do retiro: “Acredito que esta modalidade de encontro abre as perspectivas para outros encontros neste mesmo formato.”

A formação foi encerrada com a Santa Missa seguida de um jantar servido aos participantes.